Doença Periodontal em indivíduos com Sindrome de Down: enfoque genético
Cavalcante LC, Pires JR, Scarel-Caminaga RM, Doença Periodontal em Individuos Portadores de Sindrome de Down. RGO, Porto Alegre, v.57, n.4, p. 449-453, out./dez. 2009
Este artigo tem como foco o estudo da Síndrome de Down com relação à doença periodontal, levando em consideração os conceitos fundamentais da etiologia, herança e características clinicas da síndrome.
Em 1866, o médico John Langdon Haydon Down publicou um artigo onde ele apresentava a teoria de que diferentes tipos de alterações poderiam ser classificadas por características étnico-raciais, o que se tornou descrição da Síndrome de Down, hoje conhecida como trissomia do cromossomo 21.
Ela é causada por um cromossomo 21 extra, ocorre em 96% dos casos, sendo que, em 80% deles, o material cromossômico adicional tem origem materna, devido a mecanismo de não disfunção meiótica, ocorrendo em 2% do casos o processo de translocação, geralmente, entre o cromossomo 21 e o 14 ou 15.
A trissomia do cromossomo 21 ocorre em um a cada 600 a 1000 nascidos vivos e a idade materna está diretamente relacionada à causa dessa síndrome. Quando a mulher tem mais de 40 anos a probabilidade de gerar um filho portador da Síndrome de Down aumenta, pois ocorre o envelhecimento do gameta feminino. Há também, os casos da translocação que ocorre apenas em mulheres mais jovens.
A síndrome de down apresenta mais de trinta características clinicas variáveis entre os afetados e estão relacionadas com a superexpressão de genes específicos que se concentram no cromossomo 21. Essas características aparecem em praticamente 100% dos casos, principalmente retardo mental e modificações neuropatológicas, idênticas as observadas em indivíduos com a Doença de Alzheimer.
Apesar da freqüência de distúrbios clínicos, uma criança portadora da Síndrome de Down pode ter uma boa qualidade de vida, com educação que atenda ás suas necessidades especiais e um bom desenvolvimento neuromotor, se receber atendimento medico e odontológico adequado.
As principais manifestações orais da Síndrome de Down são palato ogival, macroglossia, língua fissurada e prevalência reduzida de cáries. A redução da carie na cavidade oral deve-se ao menor número de bactérias Streptococcus Mutans na saliva e maior pH salivar. A prevalência de doença periodontal em pacientes com Síndrome de Down é de 30% a 40%, causada principalmente pela placa bacteriana.
Portadores da Sindrome de Down possuem uma higienização oral precária, o que aumenta a o risco às doenças periodontais.Sendo a periodontite agressiva a mais freqüente causada pelo periodontopatógeno Aggregatibacter actinomycetemcomitans. Sabe-se que eles também possuem alterações no sistema imune, devido à diminuição das funções de quimiotaxia e fagocitose.
O sistema imune de indivíduos com Síndrome de Down possui muitas particularidades que não permite identificar os padrões de ativação e inibição de citocinas e enzimas durante a evolução da doença. Em relação às enzimas, as estudadas com maior frequência são as metaloproteinases, pois elas atuam na degradação tecidual.
A evolução da Síndrome de Down levou ao desenvolvimento da técnica de bandeamento a analise citogenética, o que possibilita a divisão dos cromossomos em regiões e bandas, a qual permite verificar que há indivíduos que possuem um cromossomo 21 extra e que não são portadores da Síndrome de Down.
Acredita-se que com o avanço dos estudos moleculares poderá surgir tratamentos que possam melhorar a saúde dos portadores de Síndrome de Down, aumentando a sua qualidade de vida e de seus familiares. Estudos da periodontia também poderão contribuir para soluções eficientes em termos de tratamento.
Conclui-se que prevalência da doença periodontal em portadores da Síndrome de Down não está relacionada apenas a higienização oral precária, mas também, as características deficientes do sistema imune.
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